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A Orlando City Service Group está há mais de seis meses com vagas abertas. Foto: Arquivo pessoal

Apesar do aquecimento da economia, escassez de mão de obra afeta negócios de brasileiros na Florida

Há uma escassez de mão de obra em setores de trabalho na Flórida que vem afetando muitos negócios de brasileiros no estado. O recebimento do benefício do seguro desemprego aliado à restrição de entrada de imigrantes no país estão entre os grandes culpados apontados pelos empresários entrevistados.

Os hispânicos continuaram a representar quase metade da força de trabalho estrangeira em 2020, mas a economia em desaceleração resultante da pandemia COVID-19 afetou desproporcionalmente a força da mão de obra estrangeira, de acordo com os dados do Departamento de Trabalho dos EUA.

Em 2020, a parcela da força de trabalho civil dos EUA nascida no exterior era de 17%, abaixo dos 17,4% em 2019. De 2019 a 2020, a força de trabalho geral diminuiu 2,8 milhões; os nascidos no exterior foram responsáveis por 1,1 milhão desse declínio, ou 38,4%. Foi o maior declínio da força de trabalho no país desde que dados comparáveis foram disponibilizados em 1996.

Em abril de 2020, o desemprego aumentou para 14,2% na Flórida, mais de cinco pontos acima da média de 2019. A área de Miami tem a maior taxa de desemprego, quase 7%, mas no geral os dados coletados mostram que a taxa de desemprego em todo o estado caiu 4,8%.

Essa diminuição da taxa de desemprego é reflexo da retomada econômica e abertura de vagas. Há oferta, mas não há candidatos suficientes. Com milhares ainda recebendo seguro desemprego e as fronteiras ainda fechadas para certos tipos de imigrantes, há falta de mão de obra, principalmente de postos cuja maioria é preenchida por imigrantes

O Departamento de Oportunidade Econômica da Flórida anunciou que o estado se retirará do Programa Federal de Compensação de Desemprego Pandêmico (Federal Pandemic Unemployment Compensation), removendo fundos adicionais daqueles que recebem pagamentos de desemprego federal em 26 de junho.

O Programa dá às pessoas que estão atualmente desempregadas um pagamento semanal de $ 300 do governo federal, além do pagamento de desemprego do estado – que é um mínimo de $ 32 e um máximo de $ 275.

“A expectativa é que a situação melhore com a abertura das fronteiras e o retorno progressivo da força de trabalho que por enquanto está recebendo o seguro-desemprego”, aponta Augusto Alagia, proprietário da The Captain Painter no sul da Flórida.

“Achar mão de obra qualificada ficou desafiador”

Com vagas a preencher que vão de pintores a coordenador, a The Captain Painter também sente a falta de mão de obra disponível no mercado. “Hoje a falta de mão de obra na Flórida é evidente. Acredito que é uma combinação de diversos fatores entre eles o aquecimento do setor de ‘home improvement’ na região, o fechamento das fronteiras e a retirada temporária de uma fração considerável da força de trabalho por conta das extensões de ações de estímulo da economia e o seguro desemprego”, salienta o proprietário.

“Achar mão de obra qualificada ficou extremamente complicado e desafiador. Nossos clientes estão tendo que compreender uma fila de espera que em alguns picos chega a representar de 3 a 4 semanas”, afirma.

E completa que o fechamento das fronteiras é um dos fatores fundamentais para essa escassez de mão de obra que vivemos na Flórida. “É notório que uma parte significativa dos trabalhadores que metem a mão na massa é formada por imigrantes (primeira e segunda gerações)”.

A empresa busca contratar coordenador de projetos, bem como nos próximos seis meses uma dúzia de novos funcionários entre encarregados de pintura, pintores, handyman, e obviamente, vendedores.

Qualificação de novos pintores

Para evitar novas dificuldades no futuro, a The Captain Painter avalia a viabilidade de uma academia ou instituto que tenha como objetivo a qualificação de novos pintores. Essa é uma das ações mais importantes que planejamos dentro de nosso projeto de formatação da franquia The Captain Painter.

Alagia faz um panorama do mercado e da relação funcionário e empregador. “Em mercados aquecidos e com escassez de mão de obra a rotatividade do setor aumenta e funcionários têm um poder maior de barganha. Os contratistas também ficam em situação privilegiada para aumentar preços e diminuir a atenção a clientes menos rentáveis. Porém é importante não perder de vista que o mercado se autoajustará mais cedo ou mais tarde e esse “leverage” não existirá mais, resistindo somente as relações baseadas em win-win”, acrescenta.

“As pessoas não chegam e quem estava aqui foi embora”

Proprietária do restaurante Mrs. Potato há 7 anos em Orlando, Rafaela Cabede conta que jamais viu situação semelhante porque sempre tinha muita oferta de gente para trabalhar. “Somos uma equipe de 11 pessoas e preciso de pelo menos mais quatro. Precisamos de funcionários em todos os setores, tanto atendimento quanto na cozinha. Com vagas para garçom, cozinheira, lavador de pratos e recepcionista”, destaca.

A falta de mão de obra tem provocado recusa de encomendas e pedidos pra festas, operando somente com serviços dentro do restaurante, segundo a empresária. “Além de perder os extras, também internamente está mais difícil porque não conseguimos operar com a capacidade máxima, apesar de ter mesas disponíveis e espaço. Não posso sobrecarregar os funcionários, então o salão que geralmente teria cinco garçons, hoje só tenho três, por exemplo”, detalha.

Com essa falta, ela, que antes ficava mais na parte administrativa, teve que voltar para a linha de frente na cozinha. “A parte administrativa está ficando em segundo plano, faço de madrugada, nas horas vagas”.

Dentre os motivos para a falta, Cabede aponta a necessidade das pessoas se realocarem em serviços diferentes logo no início da pandemia. E explica que as pessoas que eram do ramo de restaurante acabaram tendo que migrar para outras funções, como motoristas de entrega por aplicativo ou para a construção civil, “serviço que antes não faziam por receio de não conhecerem o mercado ou por ouvir que era serviço muito pesado”, e agora não estão retornando.

“Quando veio a pandemia, não tiveram escolha. Onde tinha traballho tiveram que ir e muitos agora não querem voltar a trabalhar em restaurantes porque a construção civil é um setor que paga bem e está reaquecido, além de ter horários melhores e final de semana para estar com a família. Acho que todo mundo acabou se realocando de alguma forma e realmente não quer voltar ao serviço anterior”, conclui.

Outro ponto levantado pela empresária que influenciou para a escassez de mão de obra na Flórida foi o retorno de muitos brasileiros para o Brasil desde o ano passado por dificuldades financeiras. Somado à fronteira fechada, eis a situação. “Com a fronteira fechada, as pessoas não chegam e quem estava aqui foi embora. É isso”.

“Não consigo encontrar pessoas para trabalhar”

O setor de limpeza de imóveis residenciais e comerciais também tem ficado sobrecarregado. Há 10 anos no mercado de limpeza na região de Orlando com a Orlando City Service Group, Danielle Paiva conta que está há mais de seis meses tendo grande problema para encontrar mais funcionário(a)(s).

“Estou com quatro e precisaria de pelo menos mais duas pessoas. Isso está sobrecarregando o nosso dia. Estou tendo que colocar mais casas no mesmo dia. Hoje, por exemplo, já deveria estar com outra equipe trabalhando, mas não consigo encontrar pessoas para trabalhar”, relata.

Uma das consequências tem sido o atraso para iniciar o trabalho com clientes novos. “Não digo que estou deixando de ter novos clientes, mas não estou conseguindo fazer a primeira limpeza logo de imediato, tendo que esperar às vezes de 2 a 3 semanas”, explica a empresária. Para ela, o impacto da restrição de entrada de brasileiros nos EUA tem sido forte. “Na minha opinião, o grande problema hoje seja a fronteira fechada”.

Setor de limpeza de imóveis também sente a escassez

Há 10 anos no mercado de limpeza na região de Orlando com a Orlando City Service Group, Danielle Paiva conta que está há mais de seis meses tendo grande problema para encontrar mais funcionário(a)(s). “Estou com quatro e precisaria de pelo menos mais duas pessoas. Isso está sobrecarregando porque estou tendo que colocar mais casas no mesmo dia”, relata.

Uma das consequências tem sido o atraso para iniciar o trabalho com clientes novos. “Não digo que estou deixando de ter novos clientes, mas não estou conseguindo fazer a primeira limpeza logo de imediato, tendo que esperar às vezes de 2 a 3 semanas”, explica a empresária. Para ela, o impacto da restrição de entrada de brasileiros nos EUA tem sido forte. “Na minha opinião, o grande problema hoje seja a fronteira fechada”.

Fonte: Gazeta Brazilian News.